George Clooney é o astro do cinema no filme. Foto: Universal Pictures / Reprodução.
Ave, César! estreia nos cinemas nacionais em 14 de abril. O filme é produzido pelos Irmãos Coen e traz um elenco de peso, com diversos atores de destaque internacional, a exemplo de George Clooney, Scarlett Johansson, Channing Tatum, Tilda Swinton, Ralph Fiennes e Josh Brolin.
A obra tem uma proposta bastante conceitual, cujo objetivo é apresentar os bastidores de um estúdio cinematográfico de forma satírica. Por esse toque de crítica e comicidade, Ave, César! tem uma forte carga de exagero, chegando a ser canastrão em vários momentos. Mas é isso que sustenta o universo do filme e que enfatiza a metalinguagem nele presente.
A história acompanha Edward Mannix (Josh Brolin), produtor do estúdio de cinema Capitol durante um dia de trabalho cheio de acontecimentos, na década de 1950.
Mannix é responsável por quase tudo no lugar, desde conferir se a edição das cenas está adequada até resolver os problemas dos astros do estúdio, lidar com a imprensa e, no caso do filme, tentar solucionar o sequestro do maior ator do momento, Baird Whitlock (George Clooney). Em meio a tudo isso está acontecendo a gravação de Ave, César!, um filme de época que deve ser a grande sensação de bilheteria do estúdio e que dá nome a obra que o espectador está acompanhando.
É muito interessante a forma como os Irmãos Coen trazem para o espectador essa visão do backstage cinematográfico. Existe a sátira ao grande astro egocêntrico (George Clooney), à atriz amada pelo público (Scarlett Johansson) que precisa abafar um escândalo, a imprensa louca (Tilda Swinton) por descobrir uma nova fofoca, o ator de uma só produção (Alden Ehrenreich) tenta ser
O mais bem trabalhado é que os nomes dessas pessoas não faz grande diferença para o espectador. Cada uma representa o clichê de um grupo formado por diversas pessoas, seja no cinema do Ave, César! ou no da vida real.
Scarlett Johansson como a atriz inocente que o público adora. Foto: Universal Pictures / Reprodução.
Ao mesmo tempo, o filme também enfatizada a questão técnica das produções cinematográficas, como os ajustes de texto, construção de cenário, adaptação de roteiro e todo o “desglamour” que existe depois que se ouve o “corta” de uma cena.
Como a história se passa na década de 1950, sua construção passeia pelo modo de fazer cinema sem recursos digitais, onde era necessário uma grande estrutura de cenário e até de banda ao vivo para gravar uma sequência.
Ao que se propôs, Ave, César! é bem construído. Ele traz uma sátira consistente (um ponto muito interessante é a sonoplastia exagerada, que demonstra como o som é importante num filme, ele compõe a história e pode deixá-la sublime ou artificial) e explora diversas vertentes de produções, desde faroeste até musicais.
Ainda no uso da metalinguagem, a obra traz um questionamento que deve ter sido recorrente em meados do século XX: será que o cinema deixaria de existir quando a TV se popularizasse; será que as pessoa o achariam algo frívolo e desnecessário? Em meio a era da internet, depois da televisão, e com tantos uploads de filmes, Ave, César! vai estar nas salas de cinema, então isso já responde essas questões.
Deu para notar que o filme traz diversos pontos positivos, porém ele tem algumas falhas importantes. Uma é que falta ritmo ao enredo que se desenvolve de forma arrastada em grande parte do tempo e cansa o telespectador bem antes dos 100 minutos de duração. A segunda é que o desenrolar do sequestro ficou um tanto solto e perdeu força perto do fim do trama. Na verdade, ele teve praticamente um anticlímax.
Mesmo assim pode-se dizer que Avé, César! é uma ótima produção pela sua qualidade conceitual, resultado da experiência dos Irmãos Coen, responsáveis por filmes como Bravura Indômita e Onde os Fracos Não Têm Vez e vencedores de quatro prêmios Oscar.
Acompanhem o trailer de Avé, César!:
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