Era final de tarde quando cheguei ao Beco do Batman, no badalado bairro da Vila Madalena. Não havia quase ninguém no local e meus amigos também ainda não o conheciam.
Na região, por todos os lugares, os muros eram pintados por artes incríveis formando uma verdadeira galeria a céu aberto. Nossa dificuldade inicial foi descobrir onde, exatamente, era o Beco do Batman. Afinal tudo estava colorido: a mercearia, os bares, a loja de eletrônicos…
Pois bem, “quem tem boca vai a Roma”. Resolvi perguntar a uma atendente, num restaurante de paredes grafitadas chamado Café Madeira.
— Olá, tudo bem? Sou de Recife e vim visitar o Beco do Batman. Onde é exatamente?
— Oi, o Beco do Batman é esse aqui do lado, pode subir, é toda essa rua aí de cima.
— Ah certo, então o beco mesmo é apenas essa rua. Você sabe dizer se tem algum lugar mais especial que os turistas costumam tirar fotos? Uma arte mais conhecida?
— Sim claro, a arte desta moça bem aqui!
Pronto! Encontramos o Beco do Batman e já sabíamos qual era a arte mais linda e a figura mais simpática da região.
O Beco do Batman, propriamente, é uma rua estreita e bem pequena: você até se surpreende porque termina muito rápido. Em 15 minutos, você consegue ver tudo.
Além de admirar as artes, o mais legal é tirar fotos tendo como fundo um cenário incrível e variado de cores. Uma das curiosidades é que os grafites mudam. A cada ano novas artes surgem e algumas antigas são substituídas.
O endereço do Beco do Batman é Rua Gonçalo Afonso na Vila Madalena. É proibido a entrada de carros.
Para colorir a cidade não há melhor instrumento do que o Grafite: uma expressão artística, tipicamente urbana, e de conscientização coletiva. Segundo a professora de história da arte da UFPE, Madalena Zaccara: “o grafite é a arte que saiu das galerias e foi às ruas.”
Hoje os grafiteiros são artistas de talento reconhecidos em todo mundo. O grafite é um marco do cenário urbano de São Paulo. Durante os congestionamento, estas manifestações artísticas, são verdadeiras paisagens que acalmam os olhos dos motoristas aos transitarem pelas ruas e avenidas da tumultuada capital, repletas de ruídos sonoros e visuais.
São Paulo não seria linda, se não fosse pela beleza dos grafites. Schmoo, artista do Grafite com reconhecimento internacional, diz que:
“Para um grafiteiro, uma parede em branco na cidade representa mais coisas ruins do que qualquer escrito que ela contenha. Elas são brancas e repressivas”
Os espaços urbanos não devem ser inertes, ao contrário, devem também ser aproveitados para embelezar a cidade e democratizar sua cultura.
Conhecer o Beco do Batman e a Vila Madalena foi uma experiência que me fez compreender mais a cidade e o seu espírito. Confira no vídeo do projeto Color Plus City um pouco mais da relação do Grafite e a cidade de São Paulo:
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